segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A MARCA

                                                                                                    CHICO DE ASSIS






                                                                                       Ilustração Juliano Dornelles

Nada revela à superfície
a marca que revolteia
em tuas entranhas
embora ela te conduza
em passos incertos
sobre a relva
e vôos tateantes
pelo ar.

Vai! Aguça tua retina
sobre a imagem perfeita
do teu clone.
Procura Inútil.

Embora transpareça
em sinais psoríases
espalhados no teu corpo;
embora configure
a grandeza de gestos ancestrais
em cacoetes transformados;
ademais do movimento
retilíneo que executa
e para além do impulso
que te liberta e emociona,
a marca como sempre permanece
oclusa.

E esse diluir-se
em substâncias porosas
inatingíveis;
e esse aconchegar-se
ao âmago das coisas
ou em coisas do âmago;
esse estar e não estar
em infinita e torturante dialética,
te imobiliza e te impede o mergulho
ontológico
que querias praticar
no ato corriqueiro
de olhar-se nu
face ao espelho.